FALANDO SOBRE as escolhas dos temas...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
PALAVRA DO COREÓGRAFO...


Eu comecei a coreografar como um exercício, os meus primeiros trabalhos foram apenas com o obejtivo de aprimorar a minha técnica quanto intérprete. Eu havia sido coreografado por alguns profissionais (os quais respeito muito), mas o que eu dançava ainda não me completava. A sensação era como se eu não tivesse me entregando inteiramente ao que fazia... É claro que existia uma pesquisa por trás dos espetáculos que eu dancei, mas mesmo assim eu precisava me encontrar como bailarino e para isso eu precisei pensar dança.


DAÍ EU COMECEI UM CAMINHO NO ENTENDIMENTO...


Eu costumo pensar dança como eu penso a poesia... Muitas vezes sou inundado por versos, pensamentos sobre aspectos íntimos que movem as paixões humanas. Transporto as minhas inquietações sobre as relações que estalecemos, seja no aspecto emocional, social ou mesmo profissional. Sou regido por questionamentos que precisam ecoar nos trabalhos que levo à cena. Comecei a perceber desde os meus primeiros trabalhos coreográficos que eu dava movimento às histórias que permeiam a minha literatura, aos sentimentos que nascem da minha observação do mundo e das pessoas.


É bem verdade que eu empresto muito da minha personalidade e predileções à tudo o que construo e não poderia ser diferente... Acabei percebendo que a minha identidade quanto coreógrafo é na verdade uma projeção de todas as experiências sensoriais que a vida me possibilitou. O teatro, a dança, a música, , a comunicação e principalmente a poesia que é a essência de tudo... Uma arte vai impregnando a outra e eu vou construindo diálogos corporais, textos visuais que podem ser lidos sem muita complicação e são motivados pelo mais universal dos sentimentos: o amor... Eu não me considero um romântico, pois acredito que pessoas que possuem essa sina vislumbram apenas a exaltação da parte leve do amor... Eu vejo o amor como um obejto amplo de estudo, várias possibilidades e desdobramentos são possíveis quando experimentamos este sentimento. É bem verdade que já trabalhei inúmeros temas que em nada tinham a ver com este universo "amoroso". Mas acredito que a arte é que nos escolhe para o seu fim e não o contrário, sendo assim, com a Espaço Liso eu fui levado a criar a partir do que a vida trouxe para mim.


Toda criação precisa partir de algum lugar, e quando não partem dos poemas que escrevo, a minha dança surge das canções que ouço. Eu sou apaixonado por canções antigas, letras que contam histórias, melodias que impulsionam freneticamente os meus sentidos e me aguçam a inspiração. Quando me dei conta disso, resolvi assumir os textos como ponto de partida para a minha pesquisa em dança. Eu acho importante que a dança seja compreendida e que a sua sensação seja agradável e acima de tudo que afete. Em um determinado momento da minha procura por identidade, comecei a pensar nos "conceitos" até experimentei algumas vezes falar de algo extremamente abstrato, mas logo percebi que não era isso que eu queria dançar, não era assim que eu gostaria que as pessoas vissem a minha dança.


Estou a procurar uma linguagem que condense todas as minhas experiências artísticas. Que seja teatral sem deixar de ser dança, que seja intenso sem perder a poesia e que a poesia seja livre como os versos que escrevo. Deve ser conduzida pela música sem esvaziar-se quanto representação. Quero ser contemporâneo no meu encontro com a minha ancestralidade , abraçar o meu passado e diluí-lo com os questinamentos e a tecnologia do presente... Quero acima de tudo continuar construindo dança a partir do que é verdadeiro para mim.




ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO:
Ewertton Nunes

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